Diagnóstico no plano de governo é como em qualquer área da vida: antes de propor a solução, é preciso entender o problema. Um médico não prescreve tratamento sem ouvir o paciente e fazer exames. Um mecânico não dá orçamento sem investigar o defeito do carro. Na política, não pode ser diferente. Sem diagnóstico, não existe proposta séria e tudo corre o grande risco de ser um mero achismo.
As Eleições 2026 estão chegando e o que você está fazendo para criar um plano de governo que seja mais do que um amontoado de promessas genéricas? Mais do que nunca, diagnosticar é preciso!
Algumas coisas já sabemos. Presidente e governadores serão eleitos para enfrentar um Brasil complexo, marcado por desigualdades regionais, instabilidade fiscal, crises climáticas e, ainda, por um quadro político polarizado, que fragmenta a sociedade e paralisa o debate público.
Nesse cenário, há um fator que diferencia os planos de governo sérios dos improvisados: o diagnóstico profundo e bem feito da realidade.
O diagnóstico no plano de governo é o que permite compreender os problemas reais do país ou do estado e começar a construir consensos em torno de soluções possíveis.
O que é o diagnóstico no plano de governo?
É o estudo inicial que identifica os principais problemas, gargalos, potencialidades e oportunidades de um território. Mais do que um levantamento técnico, é a base política e estratégica de todo o plano.
É a partir do diagnóstico que se definem os compromissos centrais. Sem ele, o candidato corre o risco de propor soluções irrelevantes, inexequíveis ou desconectadas da realidade. Isso pode custar votos e, mais tarde, a governabilidade.
Por que o diagnóstico é ainda mais crucial nas eleições de 2026?
Porque os desafios são imensos e interligados. Um presidente ou um governador não governa só com boas ideias. Ele precisa:
- Conhecer profundamente os territórios, suas diferenças e desigualdades
- Saber onde estão os gargalos do Estado e da máquina pública
- Escolher onde colocar foco, porque não há recursos para tudo
- Propor soluções federativas ou intergovernamentais, coordenando esforços entre entes da federação
Além disso, num cenário de descrença na política e divisão da sociedade, a construção de um diagnóstico no plano de governo com participação social torna-se um passo essencial para reconstruir pontes entre diferentes visões de mundo e interesses.
Um bom plano, com base sólida e escuta qualificada, partindo da realidade concreta e não simplesmente da disputa ideológica, pode ser o ponto de partida para um novo pacto nacional, desde os estados até o Governo Federal.
O que deve ser levado em conta no diagnóstico?
1. Dados estruturais e comparativos
- População, renda, território, estrutura produtiva, orçamento, escolaridade, saúde, segurança, clima, desigualdades.
- Comparação com outros estados ou países, identificação de boas práticas.
2. Leitura institucional
- Análise do quadro de pessoal, da qualidade da gestão, dos entraves burocráticos, da estrutura dos serviços públicos.
3. Capacidade fiscal e orçamentária
- Projeções realistas de receitas e despesas.
- Dívidas, limites da LRF, potencial de investimento.
4. Escuta popular
- A realidade não está só nos números. Está nas ruas, nas periferias, nas lideranças comunitárias, na experiência e no sentimento de servidores, professores, médicos, agricultores. Enfim, de quem trabalha duro e sente na pele a verdade da vida.
- É preciso valer-se da sabedoria do povo na construção do plano, organizando essa escuta com método e propósito.
Ferramentas para um diagnóstico poderoso
1. Dados públicos e indicadores
Fontes que fornecem uma visão detalhada da realidade:
- IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
- DataSUS (Departamento de Informação e Informática do SUS)
- INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)
- Tesouro Nacional
- MapBiomas (mapeamento de cobertura e uso da terra do Brasil)
- RAIS (Relação Anual de Informações Sociais)
- Transferegov.br (gestão das transferências da União)
- SINISA (Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico)
- Órgãos estaduais, como o IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) e o SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo), e municipais, como o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), por exemplo.
Essas informações formam uma base sólida para o diagnóstico no plano de governo.
2. Análise de documentos e planos existentes
Onde ver o que já foi feito, o que está parado e as brechas de gestão:
- Planos plurianuais
- Leis orçamentárias
- Auditorias
- Relatórios dos tribunais de contas
- Programas em andamento
3. Pesquisas qualitativas
Ferramentas centrais na elaboração de um plano de governo que reflita a realidade vivida:
- Grupos focais
- Entrevistas em profundidade
- Escutas em campo
Trabalhar com essas ferramentas ajuda a revelar como as pessoas sentem os problemas, o que valorizam, o que esperam da política e onde estão as tensões sociais.
4. Oficinas temáticas e regionais
Reuniões com especialistas, conselhos de políticas públicas, lideranças locais e representantes de segmentos ajudam a compor uma escuta qualificada e plural.
5. Plataformas digitais e formulários online
Ferramentas para captar sugestões, críticas e ideias de quem normalmente não participa dos debates presenciais:
- Google Forms
- Canais de WhatsApp
- Espaços de participação digital
6. Matriz de prioridades
Uma ferramenta simples e eficaz: após levantar os problemas, organize-os em categorias como urgentes, estruturantes e de longo prazo. Isso ajuda a transformar diagnóstico em plano viável.
Diagnóstico não é só técnica, é estratégia política
Muitos candidatos subestimam a etapa do diagnóstico e acabam apresentando planos genéricos, feitos às pressas ou apenas adaptados de outros. O diagnóstico no plano de governo exige tempo, método e escuta real. Mas também oferece uma poderosa vantagem: ajuda a construir autoridade política, coerência narrativa e direção estratégica, elementos cruciais para a vitória.
Quando feito com seriedade, o diagnóstico não serve apenas para organizar propostas. Ele pode ser a semente de um novo ciclo de confiança na política.
Em resumo: o plano começa antes do plano
Quem começa a elaborar o plano de governo cedo, com base em um bom diagnóstico, chega às eleições com mais força, mais credibilidade e mais conteúdo.
E quem governa com base em diagnóstico sério tem mais chance de acertar, construir alianças sólidas e gerar resultados duradouros. E receber o reconhecimento popular com sua reeleição – ou eleição para outros cargos!
Por isso, antes de escrever as propostas, entenda a realidade. Entenda de verdade o Brasil ou o estado que você quer governar, com olhos atentos, ouvidos abertos e método claro. Essa é a base de todo plano de governo para uma campanha vencedora!



