Pessoas reunidas em uma mesa de trabalho analisam documentos e fazem anotações enquanto outra pessoa aponta para um quadro com fluxogramas e post-its coloridos ao fundo, durante um processo de diagnóstico no plano de governo.

Diagnóstico no plano de governo: o que todo candidato precisa saber

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José Roberto Martins

Jornalista e Especialista em Comunicação Governamental e Marketing Político | IDP Brasília

Diagnóstico no plano de governo é como em qualquer área da vida: antes de propor a solução, é preciso entender o problema. Um médico não prescreve tratamento sem ouvir o paciente e fazer exames. Um mecânico não dá orçamento sem investigar o defeito do carro. Na política, não pode ser diferente. Sem diagnóstico, não existe proposta séria e tudo corre o grande risco de ser um mero achismo.

As Eleições 2026 estão chegando e o que você está fazendo para criar um plano de governo que seja mais do que um amontoado de promessas genéricas? Mais do que nunca, diagnosticar é preciso!

Algumas coisas já sabemos. Presidente e governadores serão eleitos para enfrentar um Brasil complexo, marcado por desigualdades regionais, instabilidade fiscal, crises climáticas e, ainda, por um quadro político polarizado, que fragmenta a sociedade e paralisa o debate público.

Nesse cenário, há um fator que diferencia os planos de governo sérios dos improvisados: o diagnóstico profundo e bem feito da realidade.

O diagnóstico no plano de governo é o que permite compreender os problemas reais do país ou do estado e começar a construir consensos em torno de soluções possíveis.

O que é o diagnóstico no plano de governo?

É o estudo inicial que identifica os principais problemas, gargalos, potencialidades e oportunidades de um território. Mais do que um levantamento técnico, é a base política e estratégica de todo o plano.

É a partir do diagnóstico que se definem os compromissos centrais. Sem ele, o candidato corre o risco de propor soluções irrelevantes, inexequíveis ou desconectadas da realidade. Isso pode custar votos e, mais tarde, a governabilidade.

Por que o diagnóstico é ainda mais crucial nas eleições de 2026?

Porque os desafios são imensos e interligados. Um presidente ou um governador não governa só com boas ideias. Ele precisa:

  • Conhecer profundamente os territórios, suas diferenças e desigualdades
  • Saber onde estão os gargalos do Estado e da máquina pública
  • Escolher onde colocar foco, porque não há recursos para tudo
  • Propor soluções federativas ou intergovernamentais, coordenando esforços entre entes da federação

Além disso, num cenário de descrença na política e divisão da sociedade, a construção de um diagnóstico no plano de governo com participação social torna-se um passo essencial para reconstruir pontes entre diferentes visões de mundo e interesses.

Um bom plano, com base sólida e escuta qualificada, partindo da realidade concreta e não simplesmente da disputa ideológica, pode ser o ponto de partida para um novo pacto nacional, desde os estados até o Governo Federal.

O que deve ser levado em conta no diagnóstico?

1. Dados estruturais e comparativos

  • População, renda, território, estrutura produtiva, orçamento, escolaridade, saúde, segurança, clima, desigualdades.
  • Comparação com outros estados ou países, identificação de boas práticas.

2. Leitura institucional

  • Análise do quadro de pessoal, da qualidade da gestão, dos entraves burocráticos, da estrutura dos serviços públicos.

3. Capacidade fiscal e orçamentária

  • Projeções realistas de receitas e despesas.
  • Dívidas, limites da LRF, potencial de investimento.

4. Escuta popular

  • A realidade não está só nos números. Está nas ruas, nas periferias, nas lideranças comunitárias, na experiência e no sentimento de servidores, professores, médicos, agricultores. Enfim, de quem trabalha duro e sente na pele a verdade da vida.
  • É preciso valer-se da sabedoria do povo na construção do plano, organizando essa escuta com método e propósito.

Ferramentas para um diagnóstico poderoso

1. Dados públicos e indicadores

Fontes que fornecem uma visão detalhada da realidade:

  • IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
  • DataSUS (Departamento de Informação e Informática do SUS)
  • INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)
  • Tesouro Nacional
  • MapBiomas (mapeamento de cobertura e uso da terra do Brasil)
  • RAIS (Relação Anual de Informações Sociais)
  • Transferegov.br (gestão das transferências da União)
  • SINISA (Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico)
  • Órgãos estaduais, como o IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) e o SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo), e municipais, como o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), por exemplo.

Essas informações formam uma base sólida para o diagnóstico no plano de governo.

2. Análise de documentos e planos existentes

Onde ver o que já foi feito, o que está parado e as brechas de gestão:

  • Planos plurianuais
  • Leis orçamentárias
  • Auditorias
  • Relatórios dos tribunais de contas
  • Programas em andamento

3. Pesquisas qualitativas

Ferramentas centrais na elaboração de um plano de governo que reflita a realidade vivida:

  • Grupos focais
  • Entrevistas em profundidade
  • Escutas em campo

Trabalhar com essas ferramentas ajuda a revelar como as pessoas sentem os problemas, o que valorizam, o que esperam da política e onde estão as tensões sociais.

4. Oficinas temáticas e regionais

Reuniões com especialistas, conselhos de políticas públicas, lideranças locais e representantes de segmentos ajudam a compor uma escuta qualificada e plural.

5. Plataformas digitais e formulários online

Ferramentas para captar sugestões, críticas e ideias de quem normalmente não participa dos debates presenciais:

  • Google Forms
  • Canais de WhatsApp
  • Espaços de participação digital

6. Matriz de prioridades

Uma ferramenta simples e eficaz: após levantar os problemas, organize-os em categorias como urgentes, estruturantes e de longo prazo. Isso ajuda a transformar diagnóstico em plano viável.

Diagnóstico não é só técnica, é estratégia política

Muitos candidatos subestimam a etapa do diagnóstico e acabam apresentando planos genéricos, feitos às pressas ou apenas adaptados de outros. O diagnóstico no plano de governo exige tempo, método e escuta real. Mas também oferece uma poderosa vantagem: ajuda a construir autoridade política, coerência narrativa e direção estratégica, elementos cruciais para a vitória.

Quando feito com seriedade, o diagnóstico não serve apenas para organizar propostas. Ele pode ser a semente de um novo ciclo de confiança na política.

Em resumo: o plano começa antes do plano

Quem começa a elaborar o plano de governo cedo, com base em um bom diagnóstico, chega às eleições com mais força, mais credibilidade e mais conteúdo.
E quem governa com base em diagnóstico sério tem mais chance de acertar, construir alianças sólidas e gerar resultados duradouros. E receber o reconhecimento popular com sua reeleição – ou eleição para outros cargos!

Por isso, antes de escrever as propostas, entenda a realidade. Entenda de verdade o Brasil ou o estado que você quer governar, com olhos atentos, ouvidos abertos e método claro. Essa é a base de todo plano de governo para uma campanha vencedora!

Aqui no blog Plano de Governo, você encontra outros artigos que mostram caminhos práticos para transformar diagnóstico em propostas com mais chances de vencer nas urnas. Acompanhe as próximas publicações e siga com a gente nessa jornada de construção de campanhas mais sérias, eficientes e conectadas com a realidade.