Capa do plano de governo de Eduardo Riedel, com o candidato em destaque dentro de um celular, pessoas sorrindo ao fundo, estrada iluminada e ícones de desenvolvimento. Slogan: “Mato Grosso do Sul – o salto para um novo futuro”.

O que o plano de governo de Eduardo Riedel ensina para quem quer vencer as Eleições 2026

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José Roberto Martins

Jornalista e Especialista em Comunicação Governamental e Marketing Político | IDP Brasília

Candidato disputava a primeira eleição e venceu com um plano de governo claro, moderno e conectado ao que as pessoas esperam da política

A campanha de Eduardo Riedel ao governo de Mato Grosso do Sul em 2022 foi uma das mais interessantes que já vi. Digo isso porque acompanhei de perto. Estava envolvido em outra campanha no estado e pude observar como a candidatura de Riedel ganhou corpo dia após dia.

Riedel era um candidato pouco conhecido do grande público. Vinha de experiências no setor produtivo e como secretário estadual. Jamais havia disputado uma eleição. Foi o nome escolhido pelo então governador Reynaldo Azambuja, que encerrava seu segundo mandato com alta taxa de aprovação. Nas primeiras pesquisas, Eduardo Riedel aparecia em quinto lugar.

Na TV, os programas fugiam do padrão tradicional. Riedel aparecia solto nas ruas, conversando com as pessoas, como se a câmera fosse um olhar curioso à distância. Em outros momentos, surgia em um estúdio simples, comentando o que tinha ouvido, as propostas do dia e os temas que moviam a candidatura. Essa conexão com o eleitor, sem filtros ou teatralidade, combinava perfeitamente com o plano de governo que ele apresentava: moderno, objetivo e bem estruturado.

Mesmo com o desafio da baixa popularidade inicial, Eduardo Riedel venceu com uma campanha bem conduzida, com estratégias diferenciadas e um plano de governo que deu suporte ao discurso e ajudou a apresentar uma visão de futuro com mais clareza

Assim como fizemos ao analisar os planos de Fernando Henrique Cardoso e de Barack Obama, vale a pena entender o que há de replicável no plano de governo de Eduardo Riedel. Vamos nessa?

Texto direto, com linguagem acessível

Logo de cara, um ponto que diferencia esse plano é a maneira como foi escrito. O tom é humano e próximo. Na abertura, um texto assinado por Eduardo Riedel apresenta de forma direta sua visão de governo:

“Governar um Estado não deve ser um simples exercício de poder. Governar deve ser um ato de se administrar verdadeiramente para as pessoas…”

Cada área temática traz diretrizes seguidas de ações concretas. Tudo foi redigido com clareza, frases curtas e muitos verbos de ação: “promover”, “fortalecer”, “incentivar”, “garantir”. Quando se vai direto ao ponto, o leitor não se perde em abstrações.

Um plano com estrutura organizada e lógica clara

O plano de governo de Eduardo Riedel tem uma lógica diferente daquela divisão em eixos temáticos tradicionais. Ele propõe uma organização em quatro grandes dimensões:

  1. Desenvolvimento Humano, Social e Atenção Plena às Pessoas
  2. Oportunidades, Desenvolvimento e Competitividade
  3. Transformação e Novos Paradigmas
  4. Governança, Eficiência e Gestão de Resultados

Dentro de cada dimensão, aí sim, estão os eixos temáticos: educação, saúde, assistência social, inovação, meio ambiente, infraestrutura etc. Essa escolha de linguagem (“dimensões”) aponta para uma forma de organização que mostra como as áreas de governo se relacionam entre si e como cada uma delas contribui para um projeto mais integrado e eficiente.

Um diagrama apresenta essa estrutura e permite compreender, em um único olhar, como o plano está distribuído:

Imagem com a estrutura do plano de governo de Eduardo Riedel, dividida em quatro dimensões: Desenvolvimento Humano, Oportunidades e Competitividade, Transformação e Novos Paradigmas, Governança e Gestão. Cada dimensão contém eixos temáticos como saúde, educação, infraestrutura, inovação, meio ambiente e governo digital.
Esse tipo de apresentação do plano de governo de Eduardo Riedel ajuda muito: torna o projeto mais acessível, didático e próximo das pessoas.

Um plano que fala com o MS e com o mundo ao mesmo tempo

A divisão escolhida casa com a espinha dorsal do plano: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas (ONU):

“Vinculamos cada um dos eixos estratégicos do nosso plano de governo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mostrando que o atingimento desses objetivos será tratado com transversalidade, ou seja, abordados por várias políticas públicas simultaneamente.”

Mais do que uma questão técnica, isso confere densidade simbólica e propósito global à campanha. O plano não fala só com o eleitor do momento: ele fala também com o futuro e enxerga o Mato Grosso do Sul num contexto mais amplo.

Diagnóstico implícito e visão de futuro explícita

Embora não traga gráficos nem dados estatísticos, o plano oferece um diagnóstico implícito. Ele está nos desafios que enumera e nas soluções que propõe. Por outro lado, a visão de futuro é bastante clara:

“O futuro do Mato Grosso do Sul será inclusivo, próspero, verde e digital.”

Saltos transformadores reforçam o sentido de tudo

Na parte final do documento, há uma seção chamada “saltos transformadores possíveis”. É uma lista de metas ousadas, porém factíveis. Veja algumas delas:

  • Ampliar o número de escolas estaduais em tempo integral
  • Intensificar o uso da tecnologia para o combate à criminalidade
  • Implantar o governo eletrônico
  • Consolidar o Mato Grosso do Sul como o primeiro estado carbono neutro do Brasil
  • Apoiar os municípios na implantação de projetos de cidades inteligentes.

É como se o documento dissesse: “nós temos um rumo e queremos chegar lá com você”.

O que torna o plano de governo de Eduardo Riedel replicável?

Depois de tudo isso, podemos listar os principais elementos que fazem desse plano um modelo útil:

  • Organização em dimensões amplas, que facilitam a leitura e o agrupamento de políticas públicas
  • Conexão forte com o mundo (ODS) e com a realidade local
  • Linguagem clara, direta e acessível, com foco na população
  • Propostas práticas e diretas
  • Visão de futuro mobilizadora, repetida ao longo do texto, como âncora narrativa

A “receita de bolo” do plano de governo de Eduardo Riedel

  1. Abra com uma carta pessoal do candidato, demonstrando valores e visão da candidatura
  2. Apresente uma organização temática em grandes dimensões, para que nada fique solto
  3. Conecte as propostas a objetivos maiores, como Riedel fez em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (às vezes, não é nem preciso buscar longe: a sua própria cidade ou estado pode ter algum documento inspirador, como um Masterplan, por exemplo)
  4. Use linguagem acessível e propositiva, com frases que podem virar falas de campanha
  5. Encerre com metas de alto impacto, sintetizando a intenção do projeto
  6. Use o plano como ferramenta viva da campanha, integrando conteúdo, discurso e estratégia.

Em resumo: o plano como ativo estratégico da campanha

É claro que o plano de governo de Eduardo Riedel não venceu a eleição sozinho. Mas sem dúvida foi um ativo estratégico da campanha: organizou propostas, ajudou no rumo da comunicação, trouxe densidade ao discurso e mostrou à população que havia qualificação, propósito e um caminho viável.

Para quem está se preparando para as Eleições 2026, o exemplo de Riedel reforça uma lição crucial: um bom plano de governo pode ser uma ferramenta poderosa para conquistar a confiança do eleitor, mobilizar apoios, ganhar votos e vencer a eleição.