Veja como transformar o calendário eleitoral em um aliado da sua campanha.
Estamos em outubro e daqui a um ano será o primeiro turno das Eleições 2026. Em meio a tantas diferenças entre as candidaturas, umas com mais recursos, outras com mais tempo de TV, outras com mais inserção popular, há uma coisa que é igual para todo mundo: o tempo. E usá-lo bem faz toda a diferença.
Esse artigo é, portanto, um lembrete de amigo. Porque muita gente se enrola ao deixar para depois o que não é bom adiar, como a elaboração do plano de governo, por exemplo.
Se deixar para a última hora, o plano terá que ser criado ao mesmo tempo em que acontece uma avalanche de coisas. É articulação de candidaturas, formação de alianças, organização de convenções partidárias, cumprir as burocracias do registro da candidatura, definir planejamento estratégico da campanha… Imagine ter que elaborar um plano de governo em meio a tudo isso. Será que sai boa coisa? 🤔
Agora, se a elaboração do plano já tiver sido adiantada, com diagnóstico, escuta e propostas bem organizadas, o candidato terá uma base sólida para enfrentar bem todo esse processo e chegar mais tranquilo ao início da campanha.
O que a lei determina sobre plano de governo?
A famosa Lei 9504/1997 relata, no parágrafo 1º do artigo 11, os documentos que devem ser apresentados para o registro da candidatura. Entre eles, de acordo com o inciso IX, as “propostas defendidas pelo candidato a prefeito, a governador de estado e a presidente da República”. Ou seja, é o plano de governo.
Porém, a lei não define formato, tamanho ou método de elaboração. Ela diz só isso daí mesmo: apenas exige que sejam apresentadas as “propostas defendidas pelo candidato”, sem determinar como esse documento deve ser estruturado. Claramente determinado, mesmo, só o prazo:
“Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições”.
Em síntese: nas próximas eleições, o prazo de entrega do plano de governo para candidatos a presidente e a governador é 15/08/2026. Um dia depois, a campanha começa oficialmente.
Por que tanta gente demora a pensar no plano de governo?
Ao mesmo tempo em que a lei dá ampla liberdade para criar as propostas, essa lacuna de diretrizes faz com que muitos considerem o plano de governo como algo menos importante. Por isso, é comum ver campanhas que não dão a devida prioridade à elaboração do plano e deixam tudo para a última hora. E há os que acreditam que podem fazer de qualquer jeito, até mesmo copiando trechos de planos já existentes.
Existe também o grupo que adia por outro motivo: a busca pela “proposta perfeita”. É a paralisia por excesso de análise. Equipes e candidatos que querem levantar todos os dados, consultar todas as fontes e ouvir todo mundo antes de escrever. A intenção é boa, mas o resultado costuma ser atraso e improviso.
O calendário como aliado estratégico
Quando se trata de elaborar o plano de governo, o tempo pode ser um aliado poderoso ou um fator de desespero. A solução? Trabalhar em cima de um cronograma com prazos claros.
Para quem trata o plano de governo como algo pra se pensar depois, ter um cronograma ajuda a enxergar a necessidade de construir o conjunto de propostas com antecedência e método. Já para quem se perde em excesso de análise e busca a proposta perfeita, o cronograma explicita as datas e mostra a técnica de se trabalhar sob o conceito de “bom o suficiente”.
Em outras palavras, não significa fazer de qualquer jeito, mas sim saber reconhecer o momento em que já existe material suficiente para avançar para a etapa seguinte, sem paralisar por perfeccionismo. É o ponto de equilíbrio entre qualidade e viabilidade.
Uma sugestão de cronograma
O nosso objetivo aqui é que o calendário deixe de ser ameaça e passe a ser ferramenta de organização, garantindo que o plano seja concluído com tranquilidade, sem improviso, nem sofrimento e desperdício de energia:
1. Reunir informações essenciais
Prazo: até 1º de maio de 2026
- Levantar dados básicos de fontes públicas (IBGE, PPA, relatórios da gestão, documentos como Masterplan etc).
Bom o suficiente: ter material que permita entender gargalos e oportunidades reais.
2. Consultar as partes interessadas
Prazo: de 2 de maio a 31 de maio de 2026
- Ouvir a população, lideranças locais, especialistas das áreas e apoiadores, buscando diversidade de áreas e territórios, para que as propostas reflitam a realidade.
Bom o suficiente: Reunir percepções consistentes para validar ou ajustar os dados.
3. Criar e avaliar propostas
Prazo: de 1º de junho a 25 de junho de 2026
- Escrever propostas claras e factíveis, divididas por eixos.
Bom o suficiente: Ter propostas viáveis e compreensíveis para qualquer cidadão.
4. Finalizar e revisar o plano
Prazo: de 26 de junho a 15 de julho de 2026
- Redigir versão final e revisar conteúdo com equipe jurídica e de comunicação.
Bom o suficiente: Conteúdo textual consolidado e revisado, pronto para guiar a campanha e seguir à diagramação.
5. Diagramar e formatar o plano
Prazo: de 16 a 24 de julho de 2026
- Preparar versão diagramada em PDF, com design limpo e organizado.
Bom o suficiente: PDF diagramado, claro e atrativo, pronto para o TSE e para o eleitor.
Tabela do cronograma
| Etapa | Período | Meta |
| Reunir informações essenciais | Até 1º de maio de 2026 | Diagnóstico básico por área |
| Consultar as partes interessadas | 2 a 31 de maio de 2026 | Compilado de percepções |
| Criar e avaliar propostas | 1º a 25 de junho de 2026 | Propostas claras, factíveis e organizadas por eixos |
| Finalizar e revisar o plano | 26 de junho a 15 de julho de 2026 | Conteúdo textual consolidado e revisado para guiar a campanha |
| Diagramar e formatar o plano | 16 a 24 de julho de 2026 | PDF diagramado, claro e atrativo, pronto para o TSE |
Em resumo: chega mais preparado quem começa antes
O prazo de entrega do plano de governo é inegociável. Para as próximas eleições, é até o dia 15 de agosto de 2026. A data é igual para todos os candidatos, porém, o que muda é a forma como cada candidatura se organiza até lá.
Quem aproveita o tempo como aliado tem o documento na hora certa do registro, bem como já pode utilizar os insights para embasar discursos, alinhar a equipe e dar consistência à pré-campanha e ao planejamento estratégico da campanha.



