Pessoas reunidas em torno de uma mesa durante uma reunião de equipe, analisando um quadro com a Matriz SWOT no Plano de Governo, que apresenta os quadrantes de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

Matriz SWOT no plano de governo: como entender o cenário e posicionar a candidatura com estratégia

Foto de José Roberto Martins

José Roberto Martins

Jornalista e Especialista em Comunicação Governamental e Marketing Político | IDP Brasília

A análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças dá base para decisões mais seguras e narrativas mais fortes.

A Matriz SWOT no plano de governo é uma das ferramentas mais poderosas que um candidato pode usar para planejar a campanha e construir propostas consistentes.

Essa metodologia ajuda a entender onde estão suas vantagens e vulnerabilidades, o que o cenário oferece de oportunidade, o que pode vir a ameaçá-lo e como se preparar melhor para a jornada.

Afinal, quem conhece a si mesmo e o ambiente onde atua, enxerga o jogo com mais clareza, transforma informação em estratégia e toma as decisões certas na hora certa.

O que é a Matriz SWOT e de onde ela veio

A sigla vem do inglês Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Também pode ser chamada de FOFA… sim, a partir das iniciais das palavras em português!

Mas vamos usar aqui o termo consagrado internacionalmente. A Matriz SWOT surgiu no mundo corporativo, como instrumento de planejamento estratégico, mas logo atravessou fronteiras.

Na política, ela funciona como uma lente que amplia o entendimento do candidato e da equipe sobre dois universos complementares:

1. Ambiente externo (cenário político)

É o conjunto de fatores fora do controle direto do candidato. Por exemplo:

  • Humor do eleitorado
  • Conjuntura política
  • Contexto econômico e social
  • Desempenho de adversários
  • Tendências de comunicação e mídia

Esses elementos fazem parte das oportunidades e ameaças da matriz. Eles ajudam a entender o ambiente em que a campanha vai atuar. Porém, isoladamente, não explicam o desempenho do candidato.

2. Ambiente interno (a candidatura)

É o conjunto de fatores que dependem do próprio candidato e da equipe, como:

  • Imagem pública, reputação, trajetória
  • Habilidades de comunicação e empatia
  • Organização da pré-campanha e alianças
  • Capacidade de articulação e execução

Pontos como esses compõem as forças e fraquezas da matriz. Eles mostram o quanto a candidatura está preparada para aproveitar oportunidades e reagir a ameaças.

Infográfico horizontal explicando a sigla Matriz SWOT no Plano de Governo, com quatro blocos verticais coloridos em formato retangular. Cada bloco contém uma letra grande da sigla SWOT: S em azul com a palavra “Forças”, W em vermelho com “Fraquezas”, O em verde com “Oportunidades” e T em amarelo com “Ameaças”. O design é limpo, moderno e didático, ajudando a identificar visualmente os quatro elementos da Matriz SWOT.

Por que utilizar a Matriz SWOT no plano de governo

Já sabemos que muita gente ainda trata o plano de governo como uma exigência burocrática da lei eleitoral. Aquela “peça de ficção” feita de qualquer jeito, só para cumprir prazo. Mas o plano de governo é ouro puro que enriquece a estratégia da campanha. E a SWOT, aplicada logo no início do processo, ajuda a:

  • Fundamentar o diagnóstico: entender onde a candidatura se sustenta e onde precisa de reforço
  • Antecipar riscos: enxergar crises antes que elas aconteçam
  • Conectar propostas à realidade: alinhar o que se promete aos anseios do eleitor e ao que é possível entregar
  • Dar coerência à narrativa política: construir um discurso que une propósito, contexto e capacidade de execução

Como aplicar a Matriz SWOT na elaboração do plano de governo

Antes de mais nada, é preciso reunir a equipe, abrir espaço para escuta e responder a um conjunto de perguntas-guia. A força da ferramenta está na honestidade das respostas. Ou seja, não há espaço para autoengano aqui. Veja exemplos do que pode ser explorado em cada quadrante:

1. Forças

O que o candidato tem de melhor?

  • Histórico de realizações concretas
  • Imagem pública ou reputação consolidada
  • Rede de apoiadores
  • Reconhecimento por competência em áreas-chave

2. Fraquezas

Quais pontos podem atrapalhar a caminhada?

  • Inexperiência administrativa
  • Questionamentos jurídicos ou éticos
  • Falhas de comunicação
  • Baixa penetração em determinados segmentos do eleitorado

3. Oportunidades

Que fatores externos podem favorecer a candidatura?

  • Desgaste dos atuais representantes
  • Receptividade ao tipo de liderança que ele representa
  • Mudanças sociais ou econômicas que abrem espaço para um novo discurso
  • Temas pouco explorados por adversários.

4. Ameaças

O que pode minar o avanço da candidatura?

  • Polarização
  • Concorrentes fortes com recursos robustos
  • Risco de ataques nas redes ou de crises de imagem
  • Episódios nacionais que contaminam o debate local
Vale lembrar: o mesmo fator pode ser força ou fraqueza, dependendo do contexto.

Um candidato sem experiência administrativa, por exemplo, pode ser visto como fraco em gestão, mas forte se o eleitorado estiver cansado dos “políticos de sempre”. O olhar estratégico está em interpretar cada ponto sob a ótica adequada.

LEIA TAMBÉM:

Como extrair valor no cruzamento das informações

Depois de preencher cada quadrante, o passo seguinte é cruzar as informações. Ou seja, olhar para as combinações possíveis entre o que está dentro e fora da candidatura:

1. Força + oportunidade = potencial de avanço

Quando uma característica positiva da candidatura se conecta a um fator favorável do ambiente, nasce uma chance concreta de crescer.

Por exemplo: se o candidato tem boa imagem em gestão pública (força) e o eleitorado está cansado de promessas e quer resultados (oportunidade), isso precisa ser explorado no discurso, nas propostas e na comunicação. É hora de ampliar e comunicar: mostrar esse diferencial de forma clara e constante. É o terreno ideal para consolidar a vantagem.

2. Força + ameaça = necessidade de blindagem

Quando uma força se choca com um risco externo, a prioridade é proteger o que já se tem.

Por exemplo: se o candidato é reconhecido por sua trajetória limpa (força), mas há um ambiente de ataques e fake news (ameaça), é preciso investir em blindagem: monitoramento, resposta rápida e reforço da narrativa de credibilidade. Em outras palavras, é a vacina: usar o que tem de melhor para neutralizar o risco.

3. Fraqueza + oportunidade = espaço de ajuste

Aqui entra a inteligência estratégica: existe uma chance no cenário, mas algo dentro da campanha precisa melhorar para aproveitá-la.

Por exemplo: se há um desejo popular por renovação (oportunidade) e o candidato tem perfil técnico, mas pouca conexão emocional (fraqueza), o caminho é fazer ajustes. No caso, reforçar linguagem empática, abrir canais de escuta, mostrar o lado humano. Assim, a fraqueza vira ponto de evolução.

4. Fraqueza + ameaça = alerta máximo

É o quadrante do cuidado. Quando um ponto fraco interno se combina com um risco externo, o resultado pode ser explosivo.

Por exemplo: se a campanha tem pouca estrutura digital (fraqueza) e o ambiente eleitoral tende a se concentrar nas redes (ameaça), insistir nesse terreno sem preparo é perder tempo e credibilidade. A saída é recuar, planejar e corrigir o rumo.

Infográfico colorido em formato paisagem mostrando a Matriz SWOT no Plano de Governo, com quatro quadrantes identificados como forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, representando o cruzamento entre fatores internos e externos.
Esse cruzamento transforma a Matriz SWOT em uma ferramenta de decisão estratégica real.

Ele ajuda a equipe a definir prioridades, linguagem, foco e ritmo da campanha, começando com um plano de governo coerente com o cenário, que dialoga com a realidade da candidatura e com o humor do eleitorado.

Um conselho prático

Não espere o registro da candidatura para fazer a Matriz SWOT. Comece o quanto antes. Você terá material não só para estruturar o plano de governo, mas também para orientar a comunicação, o discurso e o posicionamento ao longo da disputa.

Em resumo

A Matriz SWOT no plano de governo vai além da leitura de contexto político. É uma ferramenta de autoconhecimento estratégico da candidatura. Em suma, ela combina duas perguntas essenciais:

  1. O que está acontecendo ao meu redor?
  2. O que eu tenho ou não tenho para agir dentro dessa realidade?

Ou seja, como o candidato deve se posicionar diante das variáveis externas e internas que o cercam.

A SWOT oferece um retrato nítido de onde se está e do que é preciso fazer para chegar aonde se quer. Ela transforma percepção em estratégia e estratégia em vantagem competitiva.

Se você vai atuar nas Eleições 2026, faça a Matriz SWOT já no início do processo de elaboração do plano de governo. Mapeie o terreno onde você pisa. É ali que começa a vitória.