Três pessoas em reunião em torno de uma mesa com papéis e notebook. Um homem de óculos, de camisa azul clara, aparenta ser o candidato e fala enquanto duas mulheres o escutam com atenção. Cena ilustra a importância da entrevista com o candidato na construção do plano de governo.

Por que a entrevista com o candidato é essencial na construção do plano de governo

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José Roberto Martins

Jornalista e Especialista em Comunicação Governamental e Marketing Político | IDP Brasília

Um bom conjunto de propostas deve ter a cara do candidato, seu jeito de falar e as visões que ele defende.

Ao iniciar a elaboração de um plano de governo, é natural pensar no diagnóstico:

  • Ouvir a população
  • Conversar com quem entende de cada área
  • Levantar os problemas da cidade, do estado ou do país
  • E entender o que funciona e o que precisa melhorar

Esse é mesmo o melhor ponto de partida. E, dentro dele, existe uma escuta que muitas vezes passa despercebida: a escuta do próprio candidato.

Coerência com trajetória, pensamento e liderança

Partindo dessa ideia, este é o primeiro artigo de uma série sobre a importância da entrevista com o candidato na construção do plano de governo.

Quando feita com método, essa conversa revela muito mais do que biografia. Mostra valores, sonhos, o jeito de falar e a forma como o candidato interpreta a realidade política e social.

Esses elementos garantem que o plano de governo seja coerente com a trajetória, a visão de mundo e o estilo de liderança do candidato. Afinal, ele é quem vai defender suas propostas nas ruas, nos debates, no conteúdo da campanha e nas conversas com a imprensa.

O que a entrevista com o candidato revela para fortalecer o plano de governo

Nessa entrevista estratégica, conduzida para construir o plano, o candidato conta com suas próprias palavras:

  • De onde veio
  • O que viveu
  • Que valores carrega
  • Quais foram seus desafios
  • O que pensa da política
  • Por que quer ocupar aquele cargo
  • O tipo de transformação que acredita ser capaz de conduzir

Além disso, ele revela seu vocabulário, seu ritmo de fala e a forma como articula ideias e constrói raciocínios. Mostra onde pisa com firmeza e onde prefere não entrar. Nessa escuta, percebe-se como ele vê o mundo e como deseja ser visto.

São elementos preciosos, porque, a partir deles, a equipe consegue escrever um plano com a linguagem do candidato. E não um texto genérico, impessoal, que serviria pra qualquer concorrente, de qualquer lugar.

Esse é o ponto em que escuta, escrita e estratégia se encontram. O plano ganha densidade quando reproduz, com clareza e coerência, o que o candidato pensa, sente e defende. Como resultado, isso dá consistência ao discurso, credibilidade ao projeto e confiança ao eleitor.

Plano sob medida: para quem propõe e para quem recebe

Um bom plano de governo é feito com duas personalizações ao mesmo tempo:

  • De acordo com as ideias e o jeito de ser do candidato
  • Sob medida para a população do território da disputa eleitoral

De um lado, o plano precisa traduzir valores, prioridades e compromissos de quem quer governar. Por outro lado, precisa dialogar com os problemas, desejos e expectativas das pessoas que vivem a realidade local.

Quando essas duas dimensões se encontram (identidade política + escuta do território), deu match!! O plano, enfim, se transforma numa peça forte de posicionamento estratégico, uma ponte entre o que o candidato acredita e o que a população espera.

Como fazer a entrevista com o candidato

Este artigo abre uma série que vai explorar o modo como podemos fazer a entrevista com o candidato:

  • Entrevista em profundidade: investiga com cuidado os aspectos mais estratégicos e sensíveis da trajetória do candidato
  • Entrevista diamante: organiza uma mensagem pública, emocional e coerente para a linguagem da campanha
  • Entrevista narrativa: dá espaço para o candidato contar sua história em ordem livre, permitindo identificar símbolos, experiências marcantes e elementos que humanizam o plano.

Todas são ferramentas valiosas para dar direção, unidade e consistência ao plano de governo do candidato e, assim, para toda a campanha.

Nos próximos textos, vamos conversar sobre como usar cada um desses métodos de entrevista com o candidato, para que o plano de governo seja, de fato, uma peça central na construção de uma campanha vitoriosa.