Imagem gerada por inteligência artificial que representa a inteligência coletiva no plano de governo, com pessoas de diferentes etnias reunidas em uma assembleia popular no Brasil. Uma mulher negra fala enquanto um homem anota sugestões em português, como educação e programas sociais.

Inteligência coletiva no plano de governo: como criar propostas com mais força eleitoral

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José Roberto Martins

Jornalista e Especialista em Comunicação Governamental e Marketing Político | IDP Brasília

Quando comecei a estudar Inteligência Coletiva na pós-graduação em Marketing, percebi que muitos dos conceitos que aprendemos sobre colaboração, diversidade de ideias e construção conjunta fazem total sentido também para a política.

Isso fica ainda mais claro quando falamos da necessidade de ter um bom plano de governo, especialmente nesta fase em que nos preparamos para as Eleições 2026.

O que me chamou atenção logo de início foi a ideia de que a inteligência coletiva permite um salto de qualidade. Ao unir diferentes pessoas, histórias, conhecimentos e sentimentos, o grupo produz algo maior do que a simples soma das partes.

E isso é exatamente o que um plano de governo precisa ser: um projeto político construído com a força de muitas mãos, com legitimidade popular e capacidade de conectar propostas à vida real.

Por que usar inteligência coletiva no plano de governo?

Um plano de governo que se fecha em poucas cabeças, por mais brilhantes que sejam, tende a cair em dois riscos: ou fica genérico, ou se desconecta das demandas reais da sociedade.

Já quando o plano nasce de um processo colaborativo, ele ganha:

  • Conexão com a realidade local e regional
  • Maior aceitação pública e legitimidade
  • Possibilidade de fortalecer alianças políticas
  • Ideias mais criativas e viáveis
  • Aproximação entre campanha e eleitorado
  • Capacidade de mobilização durante e depois da eleição

E há um benefício estratégico importante: um plano assim influencia positivamente a decisão de voto, porque o eleitor sente que teve voz e tende a confiar mais em quem o escutou. Em tempos de inteligência artificial, vale lembrar que a contribuição mais valiosa ainda vem da inteligência humana, feita de gente com carne, osso e sentimento.

Quais métodos aplicar?

A inteligência coletiva aplicada ao plano de governo pode seguir uma estrutura em etapas. Abaixo, mostro alguns métodos, com base em modelos usados em empresas, experiências de plataformas digitais e nas anotações que fiz quando tive na pós-graduação a disciplina de Inteligência Coletiva:

1. Escuta estruturada

Antes de escrever propostas, é preciso entender o lugar que se quer governar.

  • Entrevistas com lideranças locais, especialistas, movimentos sociais e setoriais.
  • Formulários online, QR codes nas redes, canais de WhatsApp.
  • Escutas territoriais e temáticas.

Aqui, misturam-se os princípios da inteligência estatística (dados) com os da inteligência reflexiva (diálogo).

2. Oficinas e rodas de cocriação

Momento de transformar os problemas levantados em propostas reais.

  • Grupos mistos (técnicos, populares, servidores, etnias, jovens, mulheres etc).
  • Uso de mapas visuais, quadros de propostas, dinâmicas participativas.
  • Pode ser online ou presencial.

É onde entra a inteligência reflexiva e a estrutural: o espaço precisa ser propício à troca e à construção colaborativa.

3. Validação técnica e viabilidade

Nem toda boa ideia é viável. Aqui é preciso envolver equipes técnicas para:

  • Analisar custos, impactos, juridicidade.
  • Cruzar com dados de orçamento e indicadores.

A inteligência coletiva também precisa passar pela inteligência de sistemas, ou seja, combinar escuta popular e conhecimentos técnicos.

4. Priorização coletiva

É preciso definir o que vem primeiro. A população pode (e deve) ajudar nisso.

  • Votação popular nas redes.
  • Enquetes presenciais e digitais.
  • Consulta pública sobre áreas prioritárias.

Esse processo fortalece a coordenação coletiva e gera senso de pertencimento: “fui ouvido e ajudei a decidir”.

5. Comunicação e devolutiva

Transparência é essencial. O plano precisa mostrar o que veio da população e por que foi incluído.

  • Cards com propostas que surgiram do povo.
  • Vídeos com bastidores da escuta, para redes sociais e propaganda na TV
  • Apresentação clara do que será prioridade.

Esse processo transforma conhecimento tácito (sentimento popular) em conhecimento explícito (propostas escritas).

Quais os riscos e como evitá-los?

Nem toda ação coletiva gera bons resultados. A chamada “estupidez coletiva” também é um risco. Para evitá-la:

  • Fuja do efeito manada: diversifique grupos e opiniões.
  • Não dependa só do digital: combine escuta online e presencial.
  • Estimule o pensamento crítico: crie momentos de reflexão, não só coleta.
  • Recompense e valorize a participação: reconheça quem contribuiu, gere pertencimento.

E o que tudo isso tem a ver com as Eleições 2026?

Nas Eleições 2026, o Brasil vai escolher quem vai governar os estados e o país. Mas, além de nomes, as pessoas vão avaliar ideias e propostas. Um plano de governo que nasce da inteligência coletiva tem mais chance de:

  • Conquistar a confiança do eleitor
  • Gerar conteúdo relevante para a campanha
  • Mobilizar redes e grupos sociais
  • Envolver quem normalmente não participa da política
  • Ganhar fôlego para vencer e governar bem

E, num cenário de descrença na política, usar inteligência coletiva é uma forma de mostrar que o projeto não é de uma só pessoa, mas de um país ou estado inteiro que quer se transformar.

A inteligência coletiva é um assunto fascinante. E é exatamente isso que estamos praticando aqui no blog Plano de Governo: compartilhando ideias, experiências e caminhos para construir planos de governo vitoriosos, conectados com o eleitor. Leia nossos outros artigos e continue nessa jornada com a gente.