Na preparação para as eleições, é comum que candidatos e suas equipes foquem nos slogans, jingles e presença digital. Parafraseando Pedro Bial, se eu pudesse te dar apenas um conselho, eu diria: dedique, antes de tudo, tempo suficiente para a construção de um plano de governo estratégico e bem fundamentado. Ele será capaz de orientar tanto a campanha quanto a futura gestão.
Se você busca uma base sólida para essa tarefa, vale recorrer a uma obra clássica que, mesmo escrita há mais de dois mil anos, segue atual: A Arte da Guerra, de Sun-Tzu. Longe de ser um manual de violência, o livro é um tratado sobre inteligência estratégica. Suas lições têm muito a contribuir para quem vai disputar uma eleição e governar.
Revendo os trechos que sublinhei quando li a obra, encontrei ensinamentos que podem ajudar a elaborar um plano de governo para ajudar a vencer as eleições. Como são muitos pontos relevantes, fiz uma divisão em dois artigos. Veja o primeiro deles, com as 5 lições iniciais:
1. Planejar com antecedência é vencer antes da batalha
“O líder inicia seu planejamento antes de tomar qualquer ação.”
“Quem ocupa primeiro o campo de batalha e espera pela chegada do inimigo, estará descansado para a luta.”
A primeira lição é óbvia, mas negligenciada: o plano de governo não deve ser um rascunho feito às pressas. Já conversamos sobre isso em antes, tá até ficando repetitivo… rs
Mas ele precisa nascer de um processo profundo de escuta, diagnóstico, estudo de dados e priorização. Quem começa antes tem mais tempo para amadurecer ideias e se preparar para críticas. E, como ensina Sun-Tzu, chega ao campo de batalha menos cansado e mais preparado.
2. Um bom plano antecipa movimentos e evita confrontos desnecessários
“O líder habilidoso domina as tropas inimigas sem nenhuma batalha; captura as suas cidades sem lhes pôr em cerco; derrota o seu reino sem operações de campo prolongadas.”
Parece até preguiçoso vencer sem lutar, né? Mas essa frase revela um segredo poderoso: o melhor conflito é aquele que não acontece.
Um plano de governo bem construído pode neutralizar críticas, antecipar temas polêmicos e mostrar preparo com tanta clareza que os adversários não terão onde atacar. E podem até ficar desanimados… kkk! Isso torna a campanha mais fluida, menos desgastante e mais propositiva.

3. Conheça o terreno, conheça o povo, conheça o adversário
“Não estamos preparados para liderar um exército até estarmos familiarizados com o terreno.”
“O sucesso de uma campanha é alcançado se nos prepararmos para as intenções do inimigo.”
O terreno, na política, é o território físico e simbólico: o país, o estado, a cidade, os eleitores, os dados sociais, as redes, a história da gestão pública local.
Um plano de governo eficaz mapeia esse terreno e considera, ainda, os movimentos do adversário:
- Quais temas ele vai levantar?
- O que ele vai esconder?
- Do que ele não sabe falar?
- Como ocupar antes esses espaços com propostas consistentes?
4. Diagnóstico revela oportunidades e temas ignorados pela concorrência
“Apareça em pontos vulneráveis onde o inimigo precisa se precipitar para a defesa; marche em velocidade para locais onde você não é esperado.”
Acho que a palavra que mais está aparecendo neste blog é “diagnóstico”… É que aqui está uma das grandes forças de um plano de governo estratégico: ele permite, além de tudo, identificar temas negligenciados pelos adversários, mas que são fundamentais para o eleitorado. Pode ser um bairro esquecido, um setor produtivo abandonado ou uma causa social emergente. Diagnóstico bem-feito é radar político.
5. Organização e liderança ficam evidentes no conteúdo do plano
“Quando o general é fraco e incapaz, as suas ordens não são claras e objetivas. […] O resultado disto tudo é a desorganização total.”
O plano de governo revela a capacidade de organização e liderança do candidato. Para o bem ou para o mal…
Um documento mal escrito, genérico ou desorganizado transmite exatamente o oposto do que se deseja: passa a imagem de que a candidatura não está pronta. Já um plano bem estruturado é o primeiro sinal de uma gestão competente.
Em resumo
Essas cinco lições mostram que construir um plano de governo segundo A Arte da Guerra é muito mais do que listar promessas. É pensar com estratégia, liderar com clareza e antecipar o jogo político com inteligência.
E isso é só o começo. No próximo artigo, vamos conversar sobre mais 5 ensinamentos de Sun-Tzu que ajudam a refinar ainda mais a elaboração do seu plano.
👉 Leia agora: Conheça mais 5 lições do livro de Sun-Tzu que podem ser aplicadas na elaboração do seu plano de governo



